segunda-feira, 18 de julho de 2011

Amado

A porta do carro bate e deixa o resto do casaco pra fora. Da rua o trânsito, contínuo, grita. É carnaval e o povo brasileiro está em festa. Sete horas de uma quinta-feira chuvosa. Mulheres aplaudem ritmos infantis e mostram seus peitos pela cidade. Laranja. Amarelo. Verde e roxo. Trapos e hinos pobres se misturam ao estardalhaço coletivo sem mais propósito. Se algum dia houver sentido perderá a graça. A desgraça de uma nação coberta pelo sistema televisivo em escala mundial.
Fica a dica pra quem gosta da folia e das risadas bêbadas e inocentes de desconhecidos mal vestidos. Por demais inocentes. Culpados por sua inocência sem vergonha e sem escrúpulos.
O carnaval é todo dia e todo dia é carnaval.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

15:19

Os carros brilham na rua. Os velhos jogam gamão no café gritando línguas estranhas e bebendo frapês. Jovens senhoras falam sobre problemas caseiros e os cigarros nunca se apagam. Em pouco tempo se forma a imensurável fila de mães buscando seus filhos na escola. Não há nuvens no céu mas o vento levanta as cinzas do chão. Dois jovens discutem sobre religião e se cansam. A realidade assusta quando linear. E torna-se pobre no papel.

É hora de colocar as contas no papel. E a realidade cada vez mais pobre.