quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Incêndio

Se alastra por minha cabeça em espirais demoníacas, silenciosas e brilhantes chamas e conceitos pobres de fundamentos. O gosto amargo das leituras esparsas em outros idiomas ainda não compreensíveis ao estudante geneticamente inapto à paixão. Humano desforme da moral comum as sociedades ocidentais. Objeto perdido dos costumes tradições, filosóficas experiências incapazes de absorver o conteúdo inerte e insosso do tempo. Cristais energéticos reluzentes espelhados esculpidos pela natureza desleixada e imprecisa das Américas. Ser-humano livre, das amarras da fé e armadilhas sociais, dos barbeiros e manicures ofensivos, de seus medos por terapias alternativas, preso somente por seu pequeno corpo, fraco e solitário pedaço de carne sem cor, sem alma. Preso por seus olhos negros e infantis, relutantes e cansados do estupro diário dos faróis de carros e falsos sorrisos. Mas guarda o fogo em sua língua, afiada e inquieta, objetiva e tão sagaz que poderia dar um nó em si mesma e mesmo assim continuar com a denúncia ao sistema vigente. Opressora mão invisível que rege as mentes desavisadas que caminham vagarosas e sem propósito por essa terra.


Não há permissão para o ser descansar até que se tenha consumido todo e chegado em fim as próprias cinzas, isto é, até que já se tenha transformado completamente em outra cousa qualquer.